Vídeo: Delegado da PF interroga Fernando Máximo e diz que dona da empresa que vendeu para a Sesau não tem nada em seu nome

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Vídeo: Delegado da PF interroga Fernando Máximo e diz que dona da empresa que vendeu para a Sesau não tem nada em seu nome

O deputado federal Fernando Máximo teve que depor na Polícia Federal, no inquérito que apura a aquisição de kits de teste rápido de covid, supostamente superfaturados, comprados em sua gestão

‘O próprio interlocutor fala: cara, essa mulher não tem nada, essa mulher é pobretona, não tem nada no nome. Ela mesmo falou que foi a primeira vez que tinha sido celebrado um contrato de grande monta da empresa dela, e foi justamente com a Secretaria Estadual da Saúde aqui em Rondônia’, diz o delegado

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O deputado federal Fernando Máximo (União Brasil-RO) não dispensou a touquinha nem mesmo quando teve que depor na Polícia Federal. Trata-se da Operação Polígrafo, deflagrada para apurar a compra de 100 mil kits de teste rápido de covid por R$ 100,00 a unidade, totalizando R$ 10 milhões.

Fernando Máximo era secretário de Estado da Saúde à época do escândalo, e sua equipe teria pago R$ 3 milhões adiantados a uma empresa, sem qualquer garantia de que o material seria entregue. De acordo com investigações do Ministério Público, teria havido um superfaturamento de 39,43%. A alegação é que a Sesau administrada por Fernando pagaria mais caro porque a entrega seria imediata. Acontece que os kits demoraram 40 dias para chegar. Deu Polícia, deu operação, deu prisão.

A fala do delegado da Polícia Federal é muito mais interessante do que as respostas de Fernando Máximo, algumas delas praticamente monossilábicas.

– O senhor já ouviu falar dessa empresa alguma vez? – pergunta o delegado.

– Nunca – responde Fernando.

– Nunca tinha ouvido falar – insiste o delegado da PF.

– Não – diz Fernando, bem baixo, enquanto balança a cabeça negativamente.

Veja o vídeo ou leia a transcrição abaixo

– Inclusive, existe até um fundado indício que a Buyer tinha sido na verdade uma empresa laranja. O próprio Amaral, em conversas com representantes, salvo engano, da Polícia Civil, fez algumas pesquisas da empresa… foi até meio tardio essa providência que foi feita por parte dele. O próprio interlocutor fala: cara, essa mulher não tem nada, essa mulher é pobretona, não tem nada no nome. Ela mesmo falou que foi a primeira vez que havia sido celebrado um contrato de grande monta da empresa dela, e foi justamente com a Secretaria Estadual de Saúde aqui em Rondônia. Enfim, o senhor não tem conhecimento dessa pesquisa que o Amaral fez… – cita o delegado.

Fernando Máximo piscou bastante no início da fala do delegado, e também ficou balançando a cabeça negativamente quando foi dito “o senhor não tem conhecimento dessa pesquisa”. Mas depois ele falou alguma coisa.

– Eu sei que naquela época o pessoal pesquisava as empresas que forneciam para o estado. A empresa quer vender respirador, quer vender máscara… quem é essa empresa? Tem condição, não tem … – diz Fernando Máximo.

O Entrelinhas apurou que o delegado cita a fala do interlocutor, de que a dona da empresa não tem nada, porque a remuneração dela nas empresas em que trabalhou anteriormente girava entre R$ 1.600,00 e R$ 2.600,00. No período em que ela atuou na empresa que forneceu os kits de teste rápido, foi identificada transferência bancária de R$ 3.500,00 para a conta dela. Seria o salário. Amaral é um servidor que ocupava cargo de confiança na Sesau, no período em que Fernando Máximo era o secretário.

Site da PF cita atuação do Ministério Público para bloquear o dinheiro

No site da Polícia Federal consta que “a partir da análise dos processos licitatórios foi averiguado indícios de favorecimento a uma empresa, bem como o pagamento adiantado de cerca de R$ 3 milhões, sem apresentação de garantias suficientes para cobrir os riscos relacionados à entrega dos produtos. Esse montante foi bloqueado judicialmente na esfera cível, a pedido do Ministério Público, até a conclusão das investigações”.

Em seu depoimento, Fernando Máximo atacou o Ministério Público, afirmando que o MP fez “fake news”, “divulgando na mídia o que eles tinha feito”. Segundo ele, o bloqueio do dinheiro pago antecipadamente à empresa, antes da entrega dos kits, foi solicitada em conjunto pela Procuradoria Geral do Estado. “Só que o Ministério Público soltou na televisão… ah, nós pedimos para bloquear o dinheiro. Só… pirotécnico”, afirmou.

Parabéns ao Ministério Público. No decorrer do depoimento o delegado explicou o papel do MP no bloqueio do dinheiro.

Agora, assessores do deputado federal estão dizendo que ele não foi indiciado na Operação Polígrafo. Isso é lógico, pois deputado tem imunidade parlamentar. Se Fernando Máximo for indiciado será pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ocorre que ele estaria irritado com seu partido, e já teria declarado apoio ao diretor geral do Detran, Léo Moraes, na corrida pela prefeitura de Porto Velho. Se Fernando não tiver o máximo de cuidado é capaz de o União Brasil lhe tirar o mandato por infidelidade. Aí, adeus imunidade parlamentar.

A tendência é que agora Léo Moraes agradeça o apoio de Fernando Máximo e o dispense. Também começa a ser explicada a razão de terem decidido que o deputado federal não deve concorrer nas eleições deste ano. No próximo trecho do depoimento o delegado fala do atraso da entrega dos kits e das mortes que aconteciam enquanto o material demorava a chegar. Fernando emenda: “Iriam morrer de qualquer forma, não existia o teste”.

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