Hildon poderá até disputar o Senado, caso o mandato de Bagattoli seja cassado
Como diria o jornalista Carlos Sperança Neto, o prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves (PSDB), e o governador Marcos Rocha (União Brasil) não bebem mais tacacá na mesma cuia, e isso já acontece há algum tempo. O tacacá que eles bebiam azedou de vez quando Hildon descobriu que, após uma eventual renúncia de Rocha em 2026 para disputar o Senado, o hoje vice-governador Sérgio Gonçalves (União Brasil) deverá ser candidato à reeleição.
Recentemente, em entrevistas concedidas, o governador desconversou sobre alianças para a disputa de 2026. Marcos Rocha passou a dizer que assumiu o segundo mandato neste ano, por isso é muito cedo para falar em composições visando eleições. Mas acontece que, antes de o tacacá azedar, ele falava disso, sim, e também dizia que apoiaria a ex-deputada federal Mariana Carvalho na disputa pela prefeitura de Porto Velho em 2024.
Antes, quando o tacacá estava bom e cheirando bem, com Marcos Rocha e Hildon Chaves bebendo na mesma cuia, havia sido acertado que Rocha renunciaria em 2026 para se candidatar ao Senado e apoiaria Hildon na candidatura ao governo. Primeiro haveria a eleição para a prefeitura de Porto Velho, quando os dois apoiariam ou Mariana, ou o ex-deputado federal Léo Moraes, ou a deputada federal Cristiane Lopes (União Brasil-RO), ou o deputado federal Fernando Máximo (União Brasil-RO) ou o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Cruz (Patriota).
Tacacá azedando
O tacacá começou a azedar quando Hildon Chaves e Marcos Rocha anunciaram que apoiariam Mariana Carvalho na disputa pela prefeitura. Os demais passaram a não ser mais chamados para as inaugurações e solenidades do governo e do município. Um ou outro ainda comparecia, sem convite mesmo. Colocados para escanteio, eles abandonaram o grupão. Afinal, por qual razão Marcelo, Cristiane, Máximo e Léo apoiariam Mariana? Nenhuma.
Então vazou uma conversa que teria havido entre o vice-governador Sérgio Gonçalves e alguns empresários. Segundo o que circula nos bastidores políticos, em busca de apoio futuro, Sérgio teria dito que ele próprio seria o candidato à sucessão de Marcos Rocha, pois o União Brasil é controlado pelo seu irmão Júnior, o chefe da Casa Civil.
Para completar o azedume no tacacá, começou a circular também a informação de que Hildon Chaves continua no PSDB, porque Júnior Gonçalves teria perdido sua ficha de filiação ao União Brasil.
Tacacá azedo
Quando Hildon Chaves ficou sabendo, o tacacá azedou de vez. Hildon percebeu que teria sido atraído para o União Brasil justamente para que os irmãos Gonçalves segurassem sua candidatura. Como Marcos Rocha aparenta estar umbilicalmente ligado ao chefe da Casa Civil, o prefeito de Porto Velho se afastou do governador e assumiu a presidência da Associação Rondoniense dos Municípios (AROM), com o objetivo de se tornar mais conhecido no interior. Com o tacacá azedo, o grupão ruiu de vez.
O tacacá passou a cheirar muito mal, sendo jogado no lixo, quando o governador começou a tomar tinta em decisões do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Com decisões desfavoráveis, começou a circular nos bastidores políticos que o mandato do governador poderá ser cassado, juntamente com o de Sérgio Gonçalves, e que Hildon Chaves poderá ser candidato bem antes de 2026. Depois disso, segundo o que circula nos bastidores políticos, Marcos Rocha deixou de atender diversos telefonemas de Hildon.
Mas o blog apurou que, apesar de tudo isso, o governador continua confiante em uma decisão favorável da Justiça Eleitoral, em Rondônia ou em Brasília.
Bagattoli
O que se sabe é que não existe prazo de desincompatibilização para a disputa de uma eleição suplementar, por isso, em caso de vacância de cargo, um prefeito pode renunciar e concorrer daqui a três meses. Acontece que há outro político que corre o risco de perder o mandato, mas pouco gente fala disso: o senador Jaime Bagattoli (União Brasil). Se Bagattoli cai, Hildon Chaves concorre ao Senado, podendo renunciar à prefeitura no dia útil seguinte à sua escolha para disputar o cargo.
O que estaria pesando contra Jaime Bagattoli seria a suposta entrega de dinheiro em Ariquemes para a campanha do ex-deputado Tiziu Judalias a deputado federal. A palavra “suposta” é porque o dinheiro não consta na prestação de contas de campanha do senador, que foram aprovadas com ressalvas. Dinheiro não declarado em campanha é batom na cueca. Se comprovado o fato, Bagattoli perde o mandato.
Em se tratando do governo, se Marcos Rocha e Sérgio Gonçalves perderem o mandato, o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Cruz, assume por três meses, podendo ser prorrogado por mais três, até ser marcada a data da eleição suplementar. Desenvolvendo um bom trabalho na AROM, como está acontecendo, Hildon Chaves também pode concorrer com chances reais de vitória.
Máximo
Com o tatacá totalmente apodrecido e jogado no aterro sanitário, caso mantenha o mandato Marcos Rocha já não tem mais motivo algum para apoiar uma candidatura de Mariana Carvalho à prefeitura da capital. A imagem da ex-deputada federal ficou bem ruim quando ela admitiu em um vídeo ter intercedido para que os kits de diagnóstico rápido de covid-19 chegassem a Porto Velho. Trata-se daquele caso que a Polícia Federal está apurando.
Mas quem foi que comprou esses kits? Quem não teve o máximo de cuidado com dinheiro público? É bom lembrar que a aquisição desses kits não foi o único escândalo registrado durante a pandemia de coronavírus, quando vidas foram ceifadas e não havia leitos em UTI para todos os que precisavam.
E tem o deputado federal Fernando Máximo, que por alguma razão praticamente não é visto em Porto Velho. Ele estava bem assanhado para ser candidato a prefeito da capital, mas agora só tem sido visto praticamente no interior. Será que nos demais municípios não chegou a notícia de que era Fernando o secretário quando aconteceu uma, digamos suposta grande roubalheira na Sesau, durante a pandemia, quando ele não teve o máximo de cuidado?
O que aconteceu na Sesau ainda vai resultar em prisão de muita gente. Não foi só suposto desvio de dinheiro. Vidas foram ceifadas pela doença enquanto supostamente metiam a mão em recursos públicos.
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