Tendência é que mais deputados fiquem ‘na geladeira’ e não consigam aprovar um único projeto
Há anos o clima não ficava tão tenso na Assembleia Legislativa como agora, e como o quebra-pau está acontecendo até mesmo dentro das sessões, imaginem só o que está circulando nos bastidores políticos. Tudo começou devido ao aumento na alíquota do ICMS.
Os deputados Delegado Camargo (Republicanos), Luizinho Goebel (PSC), Afonso Cândido (PL), Nim Barroso (PSD), Cássio Gois (PSD) e Dra Taíssa (PSC) se posicionaram contra a medida, disseram palavras duras, e os demais parlamentares se sentiram atingidos pelas críticas.
Apesar disso, quando o projeto foi aprovado, somente Rodrigo Camargo votou contra, mas depois Dra Taíssa argumentou que durante a votação estava em Guayaramerin, participando da sessão de forma remota e a internet oscilou, por isso ela não conseguiu votar contra.
Por conta disso circula nas redes sociais um vídeo mostrando que a parlamentar faz postagens no Instagram quando está no meio do mato e a internet não oscila, mas justo no momento da votação, ela diz que oscilou.
No meio da confusão, o governo exonerou os funcionários comissionados indicados pelos deputados que passaram para a oposição. Foi bastante gente. Rodrigo Camargo explicou que ele não tinha um único indicado, mas os demais não falaram nada.
Em relação a Luizinho Goebel circulam em grupos de WhatsApp muitos memes, mostrando que o deputado elogiava o governador Marcos Rocha há pouco tempo, mas que de repente mudou.
Pouca coisa se fala sobre Afonso Cândido, Nim Barroso e Cássio Gois, mas o principal alvo tem sido o deputado Rodrigo Camargo, que vinha se mostrando um parlamentar com atuação diferenciada, e que está se desdobrando para explicar aos admiradores a razão de estar sendo atingido.
Nos bastidores políticos circula que a intenção de Rodrigo Camargo seria desenvolver um trabalho de tal forma que pudesse disputar o Senado nas próximas eleições, mas agora, como deixou muita gente irritada, ficará sem partido para isso.
A situação lembra vagamente o que aconteceu com o ex-deputado Jesuíno Boabaid. Combativo, Boabaid levou à Assembleia Legislativa, para acompanhar algumas sessões, membros da entidade ligada a policiais militares que ele fundou, a Assfapom, quando se discutia um projeto de interesse da PM.
Os demais deputados foram xingados por integrantes da Assfapom, enquanto Ada Dantas, esposa do então deputado Jesuíno, batia no vidro que separava o plenário das galerias. Os deputados só ficavam olhando, votaram contra o projeto e colocam Jesuíno do freezer por seis meses. Não aprovaram nada do que ele apresentou nesse período. Depois o tiraram do freezer e o colocaram na geladeira.
Jesuíno era o que mais apresentava trabalho, era o que promovia audiências públicas toda semana para discutir assuntos de bairros, era atuante. Mesmo assim, quase nada do que ele defendia recebia o apoio dos demais, por isso não apresentava resultados. Acabou não se reelegendo e a Assembleia perdeu com isso. Rodrigo Camargo, Luizinho Goebel e Dra Taíssa devem ir para o freezer, pois a tendência da história é sempre se repetir.
Pancadas
Rodrigo Camargo, que até então vinha sendo estilingue, de repente virou vidraça. Isso também já foi visto diversas vezes na Assembleia Legislativa. Muita coisa começou a circular nas redes sociais e também nos sites de notícia. Um dos primeiros memes foi um dizendo que o parlamentar gastou neste ano R$ 469.822,38. No meme não é especificado, mas esse dinheiro vem da verba indenizatória. O deputado, no caso, utiliza o recurso e apresenta as notas fiscais para serem pagas pela Assembleia.
Quanto aos sites, diversos deles postaram matéria explicando que o vencimento líquido do deputado Delegado Carmargo neste mês de outubro foi de R$ 67.469,09, e que isso representa 51 salários mínimos. Já havia sido falado anteriormente que um deputado custa caro ao contribuinte, sejam da base do governo ou da oposição.
O Rondoniaovivo postou uma matéria explicando que o deputado pode apresentar o projeto de lei reduzindo a alíquota do ICMS, como ele mesmo anunciou, mas que não será aceito pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), por vício de iniciativa, já que somente o governador pode cortar receita, pois trata-se de matéria financeira.
E também teve sites que foram mais a fundo no Portal da Transparência da Assembleia, e citaram que, em março, mas precisamente no dia 14, o deputado gastou R$ 773,00 com uma compra de café, e no mesmo mês, no dia 24, gastou mais R$ 1.259,30 em uma refeição do restaurante Caravela do Madeira. Pauleira mesmo.
Rondoniaovivo
E a situação pegou mais fogo ainda quando o diretor geral do jornal eletrônico Rondoniaovivo, jornalista Paulo Andreoli, postou em suas redes sociais o meme citando gastos do deputado Delegado Camargo com a verba indenizatória. Houve alguns comentários, mas um internauta teria questionado o jornalista.
A situação esquentou quando outro internauta entrou em contato com Paulo Andreoli, informado que a pessoa que o questionou é servidor comissionado, nomeado na Comissão de Segurança Pública, presidida pelo deputado, e ganha mais de R$ 10 mil por mês.
Parece que nunca uma confusão está tão grande ao ponto de que não possa aumentar. Após ser questionado por um servidor público lotado na comissão temática onde Delegado Camargo é o presidente, Paulo Andreoli preparou um requerimento solicitando a lista de todos os servidores lotados no gabinete do deputado, com os salários; de todos os que foram exonerados; cópia das notas fiscais apresentadas, com descrição das despesas; lista dos servidores nomeados a pedido do deputado nas comissões que ele faz parte; lista dos indicados por ele na estrutura da Assembleia Legislativa; lista de todos os recebimentos do deputado; e também as diárias recebidas pelo parlamentar e por seus assessores.
Na terça-feira (31) tem sessão ordinária na Assembleia Legislativa. A equipe do blog vai acompanhar online, pois ao contrário do que acontece no reduto eleitoral da deputada Dra Taíssa, em Porto Velho a internet praticamente não oscila.
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