Quer dizer que, se o servidor do DER estiver muito entusiasmado e disser para o asfalto durar mais, os buracos não aparecerão tão cedo?
Recentemente, o Departamento de Estradas de Rodagem de Rondônia (DER) abriu processo para custear a participação de dezenas de servidores públicos, com o objetivo de realizar um curso sobre o método CIS. A medida vem levantando críticas dentro do próprio departamento, já que a metodologia abordada pouco ou nada se aplica às atividades do DER, e o curso acaba sendo mais um exemplo de mau uso de recursos públicos.
O método CIS, com foco em desenvolvimento pessoal e motivacional, é amplamente incentivado por um secretário, sócio do coach Paulo Vieira, que aplica o curso na Febracis, promovendo o programa como um investimento para capacitar servidores. No entanto, a relevância do curso para servidores que atuam na área de estradas e rodagens é altamente questionável, uma vez que o treinamento não possui relação direta com as atribuições técnicas e operacionais do DER.
Quer dizer que, se o servidor do DER estiver muito entusiasmado e disser para o asfalto durar mais, os buracos não aparecerão tão cedo? Ou, se estiver se ligando em algo que um dia se tornará concreto, deverá conversar com um saco de cimento?
O gasto com o curso ultrapassa o valor de R$ 42 mil para 30 servidores, o que levanta sérias dúvidas sobre a correta aplicação de verbas públicas para fins que não são prioritários nem urgentes para a administração.
Um servidor do DER ouvido pelo Entrelinhas disse que, enquanto o estado enfrenta desafios orçamentários e uma grande quantidade de demandas em infraestrutura rodoviária, enviar servidores para participar de um curso cuja aplicação prática é questionável soa como uma medida ineficaz e irresponsável do gestor do DER.
O servidor disse, ainda, que serão beneficiados apenas um pequeno grupo de pessoas, ao invés de atender aos reais interesses da população.
O servidor encaminhou ao blog prints de conversas do grupo do DER, mostrando a discussão sobre o curso. Veja abaixo:
É dever do poder público priorizar gastos que tragam retorno direto à sociedade, principalmente em um contexto em que a infraestrutura rodoviária de Rondônia enfrenta tantos desafios. Gastos com treinamentos que não têm impacto claro nas atribuições do DER não apenas comprometem a confiança da população na gestão dos recursos, como também reforçam o descontentamento com o uso de verbas para programas que, ao que tudo indica, têm como principais beneficiários aqueles que os incentivam.
A sociedade e os órgãos fiscalizadores têm o direito de exigir uma justificativa concreta e um planejamento transparente de como e por que esses recursos foram empregados nesse treinamento específico.
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