Delegado ligado ao deputado Rodrigo Camargo acusado de espionar governador

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Delegado ligado ao deputado Rodrigo Camargo acusado de espionar governador

Áudio vazado mostra conversa atribuída ao delegado Julio Cesar falando de investigação que fogem da alçada da Polícia Civil

Plano seria acusar então governador de compra de votos, devido à distribuição de documentos de terra

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Áudios vazados para a imprensa há algum tempo vieram novamente à tona e estariam gerando desconfiança na Assembleia Legislativa, e com isso diversos parlamentares estariam se afastando ainda mais do gabinete do deputado Rodrigo Camargo (Republicanos).

Isso estaria acontecendo porque os áudios são atribuídos ao delegado Julio Cesar de Souza Ferreira, ex-chefe de gabinete do deputado Camargo em fevereiro e março deste ano. Nesses dois meses, grampos teriam sido encontrados no CPA e em pelo menos um gabinete na Assembleia Legislativa.

De acordo com conversas de bastidores na Assembleia Legislativa, o centro da hipotética arapongagem seria o gabinete do deputado Delegado Camargo.

Os contracheques de Julio Cesar podem ser encontrados no Portal Transparência da própria Assembleia Legislativa. Ele recebia mais de R$ 34 mil por mês.

Em um dos áudios vazados, supostamente o delegado Julio Cesar dá uma ordem para que um agente degrave um áudio, onde o teor da conversa envolve o então governador Daniel Pereira. Pelo teor da conversa, a acusação a ser apresentada seria sobre entrega de documentos de terra, para caracterizar eventual compra de voto.

Na prática o governo de Rondônia estava emitindo documento de terras para proprietários rurais, mas o delegado viu isso como suposta maneira de comprar votos. Ocorre que, de acordo com o Artigo 105 da Constituição Federal, investigação tratando do governador deve ser autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), o que não tinha ocorrido.

Além do mais, investigação de crime eleitoral é de responsabilidade exclusiva da Polícia Federal. Aparentemente isso não impediu um suposto esquema de arapongagem.

São dois áudios, na verdade. O primeiro é o número 11-20-11-44-54, onde a voz é atribuída ao delegado Julio Cesar, mandando degravar o áudio. O segundo áudio, de número 11-20-11-44-55, é atribuído a um agente que estaria sob as ordens de Julio Cesar. O agente informa que foi captada conversa telefônica, onde o teor envolveria o governador.

Ouça os dois áudios e veja a degravação abaixo:

Áudio atribuído ao delegado Julio Cesar:

Então peraí. Isso aí é genial, cara. Isso aí ele tá pedindo voto, comprando voto, caralho meu irmão. Isso aí é brilhante, cara. Degrava esse áudio.

Áudio atribuído a um agente:

Exatamente. Ele tá usando o cargo pra comprar voto através desse dinheiro aí do… Rapaz, acho que é CRO, tanto pra área rural quanto pra área urbana. É Certificado de Reconhecimento de… de Ocupação. Certificado de Reconhecimento de Ocupação.

E aí ele emite um documento e a pessoa passa a ser proprietária. Então tem esse bairro lá e precisava disso.

Ele foi no governador, conseguiu em tese o recurso, mas aí o governador falou pra ele: agora a gente precisa ajudar os nossos amigos que estão concorrendo ao pleito eleitoral.

Fica muito nítido, velho! É um áudio lá de 7 minutos e alguma coisa.

Eu vou fazer o seguinte, doutor. Eu tô acordando agora, porque eu tô aqui até as 3 da manhã. E aí eu vou ter que fazer almoço, porque minha esposa tá como mesário. E eu tô com o meu sobrinho aqui em casa, visitando a gente. Mas aí à tarde eu vou lá degravar esse áudio sim, com certeza. E assim que eu degravar eu te envio, beleza? Mas é isso aí mesmo.

Foi um esquema deles de compra de voto com dinheiro público. Em tese não entregaram dinheiro em espécie, mas articularam pra poder entregar a posse dos terrenos.

De acordo com o que circula nos bastidores da Assembleia Legislativa, se o ex-chefe de gabinete do deputado Delegado Camargo teve a suposta ousadia de investigar um governador e de falar sobre um suposto plano para prender políticos e empresários, a situação deveria estar complicada em fevereiro e março deste ano.

Houve um hipotético mal-estar com a situação e o delegado Julio Cesar foi exonerado. O que os demais parlamentares descobriram recentemente é que o deputado Camargo contratou a esposa de Julio Cesar no cargo de assessor técnico.

Renata Miranda de Lima tem vencimento básico de R$ 15 mil, adicionado a R$ 500,00 de indenizações e a mais R$ 500,00 de auxílio alimentação. Com R$ 3.875,83 de deduções obrigatórias, o vencimento líquido fica em 12.124,17.

Relembre aqui o conteúdo de um outro áudio vazado, com a voz também atribuída ao delegado Julio Cesar, onde ele fala de um assunto que circulou há algum tempo, sobre um suposto plano de um grupo de delegados para tomar o poder no Estado:

“Mato Grosso foi exatamente assim, cara. O pessoal… o pessoal foi… foi fazendo serviço dessa natureza, prendendo político, prendendo secretário de estado, prendendo prefeito e aí meu irmão, rapidinho… se infiltrando também, muitos delegados se infiltrando na política, sendo candidato.

Esse estágio que nós estamos passando agora em Rondônia, nós temos aí alguns delegados candidatos, nós temos aí agentes, escrivães, estão envolvidos com política, também se infiltrando no meio político e a Polícia fazendo trabalho contra a administração pública, de crimes de crimes contra a administração pública, prendendo político, prendendo empresário, prendendo gente com poder aquisitivo. Isso, cara, são as duas principais frentes de atuação que a gente tem que tomar para a instituição crescer.

Essas duas frentes de atuação aí elas garantem que os caras fiquem com o temor correcional e queiram ser amigos da polícia civil. É o que falta hoje, vontade política de ser amigo da polícia civil, se o cara tiver vontade de ser amigo da polícia civil tudo é possível. Dinheiro o estado tem, é muito dinheiro que o estado tem. Ele não tem a gente como prioridade, mas dinheiro para fazer as coisas, tem muito cara. São 7 bilhões de reais para gastar, 7 bilhões. Então, o que acontece é que nós não somos uma prioridade para o governo, é só isso.

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