Suposta arapongagem que teria ocorrido na Assembleia Legislativa tem causado incômodo em muitos parlamentares
Entre os áudios que vazaram há algum tempo atribuídos ao ex-chefe de gabinete do deputado Rodrigo Camargo, um deles chama a atenção, pois é falado sobre a possibilidade de instalar o aplicativo conhecido como “Bruno Espião” no celular do cara que “é colado com o assessor 01 da prefeita, por exemplo. O marido da prefeita”.
O áudio aparenta ser uma aula de crime, pois cita que “mesmo se quiser meter o louco e empurrar isso como prova, seria questionável”. É explicado, ainda, que o material não serve como prova. Isso tem gerado especulações, em relação a qual seria essa prefeita.
De acordo com o que circula nos bastidores políticos, uma escuta ilegal não serviria como prova, mas poderia enlamear a imagem de um político às vésperas da eleição. Há algum tempo circulou que essa seria supostamente parte da estratégia de um grupo de delegados, que pretenderia tomar o poder em Rondônia, prendendo políticos e amedrontando empresários para obter doações de dinheiro para a campanha.
Ainda de acordo com o que circula nos bastidores, o grupo de delegados pretenderia inicialmente desacreditar políticos, para depois eleger prefeitos e deputados do grupo, para posteriormente chegar ao governo do Estado.
Veja o áudio atribuído ao delegado Julio Cesar, onde é falado em grampear o celular do marido da prefeita, ou então leia a degravação, logo abaixo:
Não Fred, é justamente isso que eu tô vendo aqui, como é que faz para desinstalar, tá? Então, é a mesma coisa que eu tô vendo aqui, como é que faz para desinstalar. Aprende a desinstalar, pronto, não tem perigo não. Tá? E outra coisa, as operações nossas, quem o alvo interceptado tem autorização judicial também pra isso. Tá?
Se a gente não juntar a prova também, a gente não tá juntando a prova. Mas mesmo que quisesse meter o louco e empurrar isso como prova, seria questionável. Entendeu? Lá na frente é evidente que alguém anularia, porque eu entendo que não tem regulamentação, que não tem como auditar. Mas as nossas interceptações vêm com essa autorização no ponto 8. Tá?
Então, crime em prioridade, estamos isentos por falta de dolo, porque a autorização judicial contempla. Tá? Agora, é pra tráfico mesmo. Pra tráfico, facção, é crime comum. Crime contra administração pública é evidente que não dá pra fazer. Entendeu? Não dá pra fazer. Ou se fizer, não dá pra prender o telefone do cara. Aliás, sempre dá pra fazer, mas nunca pra pensando em ter alguma prova com isso. Entendeu?
Então, por exemplo, se você botar uma porra dessa no cara que não vai sofrer busca e apreensão, mas que é colado com, por exemplo, o assessor 01 da prefeita, por exemplo. O marido da prefeita, por exemplo. Que é o cara que não vai sofrer a BA, mas que conversa diretamente com eles e trata de assunto em volta.
É numa situação de administração pública que eu vejo é o seguinte, o cara que a gente botar Bruno Espião nele, se a gente conseguir botar, ele não pega BA no celular. Entendeu? É isso. E outra coisa, resetando o aparelho, some também, entendeu?
As partes em negrito são por conta do blog.
Acompanhe também o áudio, também atribuído ao delegado Julio Cesar, onde é falado sobre o suposto plano de um grupo de delegados para tomar o poder no Estado, ou então leia a transcrição:
“Mato Grosso foi exatamente assim, cara. O pessoal… o pessoal foi… foi fazendo serviço dessa natureza, prendendo político, prendendo secretário de estado, prendendo prefeito e aí meu irmão, rapidinho… se infiltrando também, muitos delegados se infiltrando na política, sendo candidato.
Esse estágio que nós estamos passando agora em Rondônia, nós temos aí alguns delegados candidatos, nós temos aí agentes, escrivães, estão envolvidos com política, também se infiltrando no meio político e a Polícia fazendo trabalho contra a administração pública, de crimes de crimes contra a administração pública, prendendo político, prendendo empresário, prendendo gente com poder aquisitivo. Isso, cara, são as duas principais frentes de atuação que a gente tem que tomar para a instituição crescer.
Essas duas frentes de atuação aí elas garantem que os caras fiquem com o temor correcional e queiram ser amigos da polícia civil. É o que falta hoje, vontade política de ser amigo da polícia civil, se o cara tiver vontade de ser amigo da polícia civil tudo é possível. Dinheiro o estado tem, é muito dinheiro que o estado tem. Ele não tem a gente como prioridade, mas dinheiro para fazer as coisas, tem muito cara. São 7 bilhões de reais para gastar, 7 bilhões. Então, o que acontece é que nós não somos uma prioridade para o governo, é só isso.
Ex-chefe de gabinete
O delegado Julio Cesar de Souza Ferreira, foi chefe de gabinete do deputado Delegado Camargo em fevereiro e março deste ano, e nesse período recebeu um vencimento líquido de mais de R$ 34 mil, de acordo com o contracheque mostrado no Portal Transparência.
O blog apurou que supostamente houve mal-estar em setores da Assembleia Legislativa, pois nesse período teriam sido encontrados grampos no CPA e em pelo menos um gabinete no Poder Legislativo. Depois disso o delegado Julio Cesar foi exonerado, e houve um clima de relativa tranquilidade.
Ocorre que recentemente parlamentares tomaram conhecimento que o deputado Rodrigo Camargo contratou a esposa do delegado Julio Cesar. Renata Miranda de Lima tem vencimento básico de R$ 15 mil, adicionado a R$ 500,00 de indenizações e a mais R$ 500,00 de auxílio alimentação. Com R$ 3.875,83 de deduções obrigatórias, o vencimento líquido fica em 12.124,17.
O salário é considerado alto para servidores de gabinete, pois o parlamentar tem uma cota específica para contratação de pessoal. Isso teria causado novamente mal-estar na Assembleia, trazendo mais uma vez à tona a desconfiança em torno de alguma suposta investigação ilegal.
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