Após mal-estar supostamente causado pelos rumores de grampos, Julio Cesar foi exonerado, mas a esposa dele foi nomeada no gabinete de Camargo
Nos corredores da Assembleia Legislativa de Rondônia o assunto do momento é a suposta “grampolândia” que teria sido instalada no Centro Político Administrativo (CPA) e no Poder Legislativo. De acordo com informações de bastidores, isso teria ocorrido em fevereiro e em março deste ano, quando o chefe de gabinete do deputado Delegado Rodrigo Camargo (Republicanos) era o delegado Julio Cesar de Souza Ferreira.
Existe um motivo para que o nome do deputado Delegado Camargo seja citado nas conversas envolvendo os supostos grampos: o vazamento de áudios atribuídos ao seu ex-chefe de gabinete, fato que ocorreu há algum tempo, resultado, à época, no afastamento de delegados da Polícia Civil.
Outro fato que teria contribuído para o nome do deputado Rodrigo Camargo ter ficado em evidência é que ele já teve desentendimentos com diversos outros parlamentares, sendo muito crítico em seus pronunciamentos, muitos deles em tom acusador.
Há algum tempo também circulava nos bastidores políticos que existiria um plano elaborado por um grupo de delegados para tomar o poder em Rondônia. Esse suposto plano hipoteticamente consistiria em incriminar políticos adversários e empresários, levando-os à prisão, para criar um clima de temor e presumivelmente transformar delegados em heróis conhecidos dos eleitores.
Ainda de acordo com o que circulava em conversas de políticos, com este suposto plano delegados conseguiram se eleger prefeitos e deputados, para finalmente chegar ao governo do Estado. É claro que, para isso, de acordo com o que era dito, supostamente precisariam do apoio de empresários, para hipoteticamente obterem doações para as campanhas eleitorais. Supostamente, determinados empresários escolheriam entre colaborar ou ser preso, de acordo com o que se dizia.
Um dos áudios vazados, atribuído ao delegado Julio Cesar, fala justamente sobre esse assunto, que já circulou bastante há algum tempo. Acompanhe o áudio no canal Youtube ou leia a degravação abaixo:
“Mato Grosso foi exatamente assim, cara. O pessoal… o pessoal foi… foi fazendo serviço dessa natureza, prendendo político, prendendo secretário de estado, prendendo prefeito e aí meu irmão, rapidinho… se infiltrando também, muitos delegados se infiltrando na política, sendo candidato.
Esse estágio que nós estamos passando agora em Rondônia, nós temos aí alguns delegados candidatos, nós temos aí agentes, escrivães, estão envolvidos com política, também se infiltrando no meio político e a Polícia fazendo trabalho contra a administração pública, de crimes de crimes contra a administração pública, prendendo político, prendendo empresário, prendendo gente com poder aquisitivo. Isso, cara, são as duas principais frentes de atuação que a gente tem que tomar para a instituição crescer.
Essas duas frentes de atuação aí elas garantem que os caras fiquem com o temor correcional e queiram ser amigos da polícia civil. É o que falta hoje, vontade política de ser amigo da polícia civil, se o cara tiver vontade de ser amigo da polícia civil tudo é possível. Dinheiro o estado tem, é muito dinheiro que o estado tem. Ele não tem a gente como prioridade, mas dinheiro para fazer as coisas, tem muito cara. São 7 bilhões de reais para gastar, 7 bilhões. Então, o que acontece é que nós não somos uma prioridade para o governo, é só isso.
O formato negrito e itálico da fonte é por conta do blog.
O delegado Julio Cesar foi chefe de gabinete do deputado Rodrigo Camargo durante dois meses, recebendo por mês um vencimento líquido superior a R$ 34 mil, conforme demonstram os contracheques disponíveis no Portal Transparência da Assembleia Legislativa.
Nos bastidores da Assembleia Legislativa se diz que supostamente houve mal-estar, com conversas de que deputados teriam sido investigados ilegalmente, e Julio Cesar foi exonerado. A situação teria amenizado, conforme disseram fontes do blog.
Ocorre que os parlamentares descobriram recentemente que Delegado Camargo contratou a mulher do delegado Julio Cesar no cargo de assessor técnico. Renata Miranda de Lima tem vencimento básico de R$ 15 mil, adicionado a R$ 500,00 de indenizações e a mais R$ 500,00 de auxílio alimentação. Com R$ 3.875,83 de deduções obrigatórias, o vencimento líquido fica em 12.124,17.
De acordo com o que circula nos corredores da Assembleia Legislativa, o clima teria novamente ficado ruim quando essa informação veio à tona. Há gente dizendo que a suposta investigação, se é que de fato existiu, poderia não ter parado.
O blog esclarece que em nenhum momento, nem quando os áudios vazaram, foi dito que a instituição Polícia Civil estivesse envolvida em alguma irregularidade, até porque a Polícia de Rondônia é considerada a mais honesta do Brasil, de acordo com dados nacionais. O que se falou, à época, foi sobre um suposto plano que teria sido hipoteticamente elaborado por um grupo de delegados.
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