Em Rondônia ninguém saca mais rápido do que o prefeito de Alta Floresta, Gio Damo

O famoso fora da lei Billy The Kid ronda o Brasil, em busca de prefeitos que saquem rápido, para saquear os cofres públicos. Sacar para saquear é ótimo, hein? Boa sacada a do pessoal do Entrelinhas. Voltando à história, em Rondônia Billy encontrou um prefeito que saca o dinheiro muito rápido: Gio Damo, de Alta Floresta D’Oeste.

Em Rondônia não é Pat Garrett quem está na cola do famigerado Billy The Kid, e sim o Tribunal de Contas do Estado (TCE). Os agentes da Corte de Contas agiram depressa, e descobriram que Billy estava armando um golpe de milhões de reais nas prefeituras de Alta Floresta, Colorado, Parecis, Santa Luzia e Alvorada.

Tais quais os famosos agentes da Pinkerton dos filmes de faroeste, os agentes do TCE descobriram que as cinco prefeituras pactuaram convênio com a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) para a aquisição de materiais pedagógicos, especificamente kits de robótica, em um total de R$ 4.556.471,00 milhões.

“A representação formulada pela SGCE (ID n. 1426068), foi autuada e instruída com informações comprobatórias da plausibilidade jurídica de risco de que os convênios fossem firmados em situação de direcionamento, inexigibilidade de licitação irregular, sobrepreço, bem como do risco da demora sob a ótica do interesse público, razão pela qual foi solicitada a suspensão cautelar dos pagamentos relativos aos convênios”, cita a Secretaria Geral de Controle Externo do TCE.

As investigações prosseguiram, em busca do método utilizado por Billy The Kid para aparentemente saquear os cofres das cinco prefeituras, utilizando o “kit maluquinhos por robótica”. Foi verificado que os municípios optaram por um fornecedor único, e ainda por cima com inexigibilidade de licitação. Esperto, esse Billy, né?

“Os fatos noticiados na exordial também demonstraram que as solicitações dos cinco municípios observaram exatamente o mesmo modelo de contratação para justificar suas solicitações junto à SEDUC, e todos eles indicaram o mesmo objeto a ser contratado, que consiste no produto kits de robótica (kit “maluquinho por robótica”), com a indicação do distribuidor exclusivo, empresa FORTUN & GRANCHELLI LTDA (CNPJ: 02.556.815/0001-87). Em decorrência, os pedidos de convênio feitos pelos municípios foram elaborados com a indicação nominal do fornecedor e do produto”, prossegue a SGCE do Tribunal de Contas.

Com base nas suspeitas, os agentes da Pinkerton, ou melhor, do Tribunal de Contas do Estado, foram pesquisar os preços em São Paulo e viram que estavam muito abaixo do valor a ser pago pelas cinco prefeituras de Rondônia. Pelo jeito, mesmo pagando frete, o rombo nos cofres das prefeituras seria enorme.

O TCE agiu rápido e recomendou que as cinco prefeituras não pagassem pelos kits “maluquinho por robótica”. Assim, foi evitado o prejuízo aos cofres das prefeituras de Colorado, Parecis, Santa Luzia e Alvorada. O TCE agiu depressa, mas não foi mais veloz do que o prefeito de Alta Floresta. Ligeiro como um raio, Gio Damo sacou o dinheiro e pagou. Eita homem do saque rápido.

Imagine uma daquelas famosas cenas de cinema sobre far west, o oeste distante, ou wild west, o oeste selvagem, com aquela música ao fundo e o vento soprando. O céu de Rondônia branco por causa da fumaça das queimadas, e antes que o Tribunal de Contas faça a recomendação, Gio Damo saca rápido como um raio. Saca o dinheiro da prefeitura e entrega para o pessoal que vendeu os kits de robótica.

De acordo com o TCE, Gio Damo pagou R$ 1.876.565,00 pelos kits, enquanto o preço médio seria de R$ 1.067.516,19. Isso quer dizer que a prefeitura de Alta Floresta teve um prejuízo de R$ 809.048,81 com o prefeito que saca mais rápido em Rondônia.

Agora… será que os pais de Alta Floresta, que têm filhos estudando em escolas municipais, já viram esses kits de robótica comprados pelo prefeito Gio Damo? Se não viram, a história de faroeste passará a ser um conto de terror: os kits fantasmas do Gio. Mas essa é uma outra história…