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Crimes sexuais contra crianças

Pedófilo e abusador sexual

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O termo “pedófilo” é amplamente utilizado para descrever um abusador sexual infantil, no entanto, pedofilia é um transtorno parafílico, nem sempre implicando em atos ilícitos. Nem todo pedófilo pode ser considerado agressor sexual. Os portadores de transtorno parafílico podem manter uma vida comum, sem a prática de qualquer ato criminoso.

A figura do abusador traz consigo diversas motivações para o crime, não estando necessariamente vinculada ao transtorno.

PEDÓFILO: (doença)    

Para a efetiva constatação da doença, é necessária, além de testes psicológicos, a realização de exames ambulatoriais (dosagem hormonal, tomografia computadorizadas, entre outros).

Para a psiquiatria, o pedófilo é um indivíduo que apresenta um transtorno sexual caracterizado por fantasias sexuais excessivas e repetitivas envolvendo crianças. Dificilmente um pedófilo sente atração sexual por uma pessoa adulta. Alguns pedófilos sentem atração apenas por meninas, outros apenas por meninos, outros por ambos os sexos. O portador do transtorno pode ter capacidade de controlar seus impulsos, a chamada capacidade volitiva, comprometida. A dificuldade para identificação e tratamento do transtorno é alta; por exemplo, mulheres raramente são identificadas como portadoras deste transtorno. O surgimento do transtorno não possui uma explicação completa, um tema rico de estudos na psicologia e medicina. Muitos relacionam o transtorno a aspectos pessoais do abusador, como por exemplo, o abuso sexual e violência doméstica, se tais fatores ocorrem no ambiente familiar, o risco é aumentado (FREUD, 1905).  Enfim, o pedófilo é um indivíduo portador do transtorno, nem sempre exterioriza as características e concretiza os desejos. O abusador de crianças poderá ou não apresentar o transtorno parafílico, em muitos casos, sendo apenas um oportunista.

ABUSADOR:   (predador)

Longe da figura de “monstro”, apresentado muitas vezes pela mídia, o abusador geralmente não apresenta comportamento condenável social. Pode pertencer a qualquer classe social e, na maioria dos casos, está próximo da criança e conta com a confiança dela. Vale ressaltar, que nem todo abusador é um pedófilo, ou seja, não agem motivados por uma doença, mais sim pelo prazer de fazer mal aquela criança. O pedófilo é sempre um abusador sexual, mas um abusador sexual pode não ser pedófilo.

Abusar, significa: “uso mau, excessivo ou injusto: fazer abuso da própria força”. O abuso sexual infantil é uma forma de violência que inclui atividade sexual com menor. Uma criança não pode consentir qualquer forma de atividade sexual, em qualquer idade. Quando um agressor se envolve com uma criança dessa maneira, estão cometendo um crime que pode ter efeitos sobre a vítima por muitos anos. O abuso sexual infantil não precisa incluir contato físico entre um agressor e uma criança. Algumas formas de abuso sexual infantil incluem: exibicionismo, ou expondo-se a um menor, carícias, relação sexual (estupro), masturbação na presença de um menor ou forçando o menor a se masturbar, chamadas telefônicas obscenas, mensagens de texto, produzir, possuir ou compartilhar imagens pornográficas ou filmes de crianças, ou qualquer outra conduta sexual prejudicial ao bem-estar mental, emocional ou físico de uma criança. Abusadores oportunistas não são pedófilos. Os abusadores praticam crimes contra crianças, aproveitando da situação para satisfazer seus desejos sexuais com a mesma, sendo que poderia satisfazê-los, também, caso se tratasse de um adulto.

Ao contrário do que muitos pensam, na maioria dos casos o abuso sexual acontece dentro do seio familiar. Não raro é alguém muito próximo da criança (adolescente), pessoas do seu convívio e com quem mantém uma relação de poder, confiança, afeto. Geralmente pessoas do sexo masculino (pai, padrasto, tio, primo, avô, parentes, vizinhos, professores…). Não raro, quando a violência é praticada pelo pai ou padrasto, pode contar com a conivência da mãe, a qual prefere encarar como “natural” ou simplesmente ignorar, seja por motivos financeiros ou emocionais. É importante ficar atentos às mudanças de comportamento das crianças (adolescentes), pois a criança nem sempre “denuncia” através de palavras. Há alguns “sinais” que podem facilitar a identificação de uma violência sexual. A criança (adolescente) pode apresentar dores na região genital e abdominal, dilatação do hímen, sangramento, doenças sexualmente transmissíveis, infecções,  conhecimento sexual não condizente à fase de desenvolvimento, comportamento sexualmente explícito, isolamento, depressão, medo de frequentar determinado lugar, queda no rendimento escolar, agressividade, medo, choro sem causa aparente, distúrbios do sono e de alimentação, preocupação exagerada com a limpeza corporal…

Devido ao grande estresse sofrido algumas vítimas acabam apagando ou esquecendo os abusos, ou são sufocados pela família, que pela vergonha muitas vezes não busca  a devida assistência e tratamento. Com tantos danos que a criança abusada sofre e mesmo toda a família , é de grande necessidade um acompanhamento psicológico , buscando restabelecer e reparar um mal causado em todos os familiares, para que futuramente esta criança não venha a ser um adulto com graves problemas psicológicos, traumas e mesmo transtornos.

É frequente ante a existência de abuso sexual contra crianças (adolescentes) firmar um pacto de silêncio familiar sobre o assunto. Por isso, é difícil para a criança romper o segredo familiar, muitas vezes, fica calada por medo de ser desacreditada, por ameaças, podendo até mesmo voltar atrás em suas palavras por pressões da família. Quanto mais próximo o vínculo , mais doloroso é para a criança revelar o abuso sexual e mais devastador do ponto de vista psico – emocional. Na verdade, o silêncio é a maior arma que o abusador tem para garantir a continuidade do ato, e para assegurar sua impunidade.

A “doença” dos predadores sexuais é a sua posição de poder.

10 de agosto de  2024                                                                                                                                                                            

RC

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