Júnior Gonçalves perdeu a ficha de filiação de Hildon Chaves e o prefeito ainda está no ninho tucano
A reunião que teria ocorrido na Emater, onde o vice-governador Sérgio Gonçalves (União Brasil) teria revelado que não seria permitido ao prefeito Hildon Chaves ser candidato ao governo pelo partido, já era comentário nos bastidores políticos há algum tempo, mas o tema ainda não tinha vindo a público.
Sérgio Gonçalves teria lembrado a empresários, na Emater, que o presidente do União Brasil é o chefe da Casa Civil, seu irmão Júnior Gonçalves, e contado que na realidade não existe desentendimento algum entre os dois, como está espalhado por aí. Teria revelado, ainda, que ele próprio será o candidato ao governo nas próximas eleições, pois terá assumido o cargo de governador quando Marcos Rocha renunciar para concorrer ao Senado.
Uma estratégia digna de mestres. Filiar Hildon Chaves a um partido e depois segurar sua candidatura. A falha foi não considerar o preparo político do prefeito e o acesso que ele tem a informações.
Mas uma coisa não foi contada na suposta reunião na Emater. O chefe da Casa Civil teria perdido a ficha de filiação assinada por Hildon Chaves no União Brasil, por isso não apresentou o documento à Justiça Eleitoral. Assim, o prefeito continua oficialmente no PSDB, apesar de ter sido anunciado por toda a imprensa que ele teria mudado de partido.
Isso tudo teria chegado ao conhecimento de Hildon Chaves há algum tempo, por isso o prefeito de Porto Velho sabia que não haveria como impedir sua candidatura, já que oficialmente, perante a Justiça Eleitoral, ele nunca esteve no União Brasil, apesar de até ocupar um cargo dentro do partido.
Assim, Hildon teria começado a sondar algum partido de expressão que lhe assegurasse o apoio de mais um grupo político nas próximas eleições, já que a aliança costurada anteriormente está implodindo. No PSDB ele não terá problema algum, mas contar com mais um partido de peso seria bom.
A direção nacional do PP teria acenado favoravelmente a Hildon Chaves. Isso porque a presidente do partido em Rondônia está sem mandato, enquanto Hildon tem um projeto político e força suficiente para sua concretização. A reunião entre a direção nacional do PP e o prefeito da capital já teria data marcada, em Brasília.
O plano político anterior envolvendo um grupo imbatível era o governador Marcos Rocha (União Brasil) renunciar meses antes da eleição para ser candidato ao Senado, o vice-governador Sérgio Gonçalves assumir o cargo e apoiar também uma candidatura de Hildon Chaves ao governo.
É quando entra o personagem Sassá Mutema, da novela global. Ele sofreu uma série de injustiças, mas foi colocado na cadeira de prefeito, e ao sentir o gosto do poder entendeu que não precisava obedecer aqueles que o colocaram lá.
É bom lembrar que Sassá pode ser considerado um herói, pois veio de baixo e lidou com políticos poderosos, defendendo o que considerava certo.
Essa seria a semelhança da estória de Sassá Mutema com a história envolvendo o vice-governador. Sérgio Gonçalves é estreante na política, mas não tem nada que o obrigue a apoiar Hildon Chaves, deixando de ser candidato ao governo no exercício do cargo.
Há outras falhas gritantes no plano original, mostrando que a aliança inicial tinha tudo para implodir. Para se eleger governador e senador é bom ter o apoio do prefeito da capital, o maior colégio eleitoral do Estado. Então foi formado um grupão, e foi dito que um deles seria o ungido para ser candidato a prefeito, para assumir a vaga que será deixada por Hildon Chaves. De início, todos concordaram.
A escolhida pelo governador e pelo prefeito foi a ex-deputada-federal Mariana Carvalho. Há outros que têm chance de vencer a eleição e estavam no grupão, como o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Cruz, o diretor-geral do Detran, Léo Moraes, e os deputados federais Fernando Máximo e Cristiane Lopes.
Acharam que os quatro continuariam dentro do projeto, sendo colocados de lado, sem ganhar nenhuma vantagem política, para apoiar a candidatura de Mariana Carvalho à prefeitura? Trata-se de um projeto que já nasceu morto, justamente devido ao efeito Sassá Mutema.
O empresário Vanderlei Oriani, citado na matéria anterior que abordou o “efeito Sassá”, disse em um grupo de WhatApp que não esteve em reunião na Emater. A equipe do blog admite que então poderia ser um outro Valderlei, parecido com ele, pois afinal existem muitos Vanderleis em Porto Velho. Ironia à parte, está sendo dada a versão dele. Ele disse que não esteve na reunião.
O outro citado como presente na reunião, o empresário Chico Holanda, também disse que não foi na Emater. Primeiro ele afirma que a matéria é falsa. Depois ele diz que não sabe se a reunião aconteceu de fato. Ele cita que acordou de manhã com diversas ligações, inclusive do próprio vice-governador, perguntando sobre a matéria. Mas está registrado. Chico Holanda disse que não foi. O blog reconhece que pode ter sido outro Chico, com semelhanças com Holanda, pois existem muitos Chicos na capital.
O blog apurou que na verdade estariam tentando descobrir quem vazou o assunto da reunião que deveria ter sido secreta. Querem saber quem contou ao prefeito Hildon Chaves. Como na matéria anterior foi citado que Vanderlei Oriani e Chico Holanda estavam lá, aparentemente alguém ficou pensando que teria sido um dos dois. Não foi nenhum deles.
Está mantida também a versão de Chico Holanda, que ele não esteve na reunião. Apesar disso é estranho que o empresário tenha acordado com uma ligação do vice-governador, diante da aparente preocupação em se descobrir quem contou o tema da reunião a Hildon Chaves. O blog só tomou conhecimento disso recentemente, mas se a reunião de fato existiu, Sérgio Gonçalves sabe quem estava lá, e como o prefeito não é telepata, alguém falou.
As informações em relação ao vice-governador são muito boas. Pessoa agradável e de bom convívio, além de tudo. E ele tem o direito de concorrer ao governo, não há nada de errado nisso. A única falha de Sérgio Gonçalves nisso tudo é ter ligado tão cedo para um empresário ocupado, como Chico Holanda. O vice-governador poderia ter esperado ele acordar, primeiro. Fora isso não há o que se falar.
COMMENTS